Assisti ao filme no cinema e desde então venho rascunhando e rascunhando ideias para escrever sobre o que achei desta obra prima de Woody Allen. Começava e apagava tudo. Têm dias que as palavras resolvem brincar assim com o autor, elas parecem não fazer sentindo quando se juntam, parecem chatas e sem graça. Por isso, passo por diversos momentos de total falta de inspiração.
Mas hoje foi diferente. Depois de acordar às cinco horas da manhã, a inspiração parece ter voltado para mim. E, além de preparar mais capítulos para a continuação do Louca Por Você, ainda sobraram palavras para vir atualizar o blog.

Para ser sincera, essa inspiração não veio do nada nem sozinha. Resolvi ler algumas linhas da Martha Medeiros e ali, na crônica - O Violinista no Metrô - me lembrei de Meia Noite em Paris. Finalmente, poderei dizer o que achei do filme.
Maravilhoso!! Saí do cinema como se estivesse flutuando. A história, as músicas, o cenário... Tudo é encantador demais! Logo que o protagonista tem a sua primeira volta ao passado, fiquei com cara de bobona, imaginando como seria incrível se aquilo pudesse mesmo ser verdade. Imagina, conversar com Picasso, Dali, ter o seu livro lido por nada mais, nada menos que Ernest Hemingway, poder se deliciar com as composições de Cole Porter sendo apresentadas pelo próprio. O que poderia ser melhor?!
Voltei para casa e fiquei pensando no filme durante dias. A trilha sonora - muito bem escolhida - me fazia dançar, enquanto tocava somente na minha cabeça. Um filme doce, cheio de poesia e de uma criatividade de fazer suspirar os amantes dos gênios do passado.
O que me surpreendeu foi a quantidade de pessoas - algumas até mesmo formadoras de opinião - enchendo a boca para dizer que o filme era chato e "cult". Aquilo ecoava na minha cabeça como inacreditável. Li pessoas dizendo que não conheciam metade daqueles que o protagonista visitou - "fala sério... Só sabia quem era Dali e Picasso". Dizer isso em voz alta é motivo de orgulho?!
Acho que fiquei perdida em algum lugar no espaço e não acompanhei o momento em que - ser ignorante - passou a ser legal e a palavra da moda. Não conhecer tudo e todos, é mais do que natural. Mas se vangloriar por isso e dizer que "cult" é o mesmo que "chato" é muito estranho! Só eu que penso assim?! Nasci na geração errada? Estou sendo nerd ou "cult" demais?!
Depois de pensar, refletir e rascunhar ideias e mais ideias, resolvi deixar tudo pra lá. E todas aquelas palavras que não faziam sentido juntas, ficaram para trás. Mas hoje, depois de acordar às cinco da manhã, depois de decidir preencher o início do meu dia com um pouco da poesia da Martha Medeiros, li um pensamento da autora que me deu vontade de trazer todo aquele rascunho perdido para o blog. E foi o seguinte pensamento que me fez escrever tudo isso hoje:
"Podemos viver muito bem sem cultura, mas a vida perde em encantamento".
E é isso. Vai ver que é por isso que fiquei com aquele sorriso bobo no cinema, porque a cultura traz um mundo muito mais colorido para mim. Ler, conhecer, não é vergonha para ninguém... Muito pelo contrário, é um pouquinho de açúcar que você coloca todo dia nessa vida que por muitas vezes insiste em ser amarga!
Bom dia para todos vocês!! E Feliz Natal!!!!