O excelentíssimo presidente da corte ainda soltou, com toda a sua liberdade de se expressar, a seguinte declaração: “Um excelente chefe de cozinha poderá ser formado numa faculdade de culinária, o que não legitima estarmos a exigir que toda e qualquer refeição seja feita por profissional registrado mediante diploma de curso superior nessa área”. Mendes comparou a profissão de jornalista com a de um chefe de cozinha. Ele só não se deu conta de que o que um chefe de cozinha pode fazer é desagradar um cliente com uma comida ruim, ou até mesmo, prejudicar a saúde de algumas pessoas se não for um bom profissional. Já o jornalista, com sua arma, que é a escrita, pode simplesmente construir ou destruir uma pessoa, ou uma instituição. Estamos realmente fazendo comparações sensatas?
O que falar diante de tudo isso? As declarações não pararam por aí, mas chega a me doer os olhos ler e reler tudo o que foi dito durante a votação. É estranho pensar como as pessoas preferem andar para trás, ao invés de evoluir. A advogada disse ser impraticável e indesejável a exigência do diploma, citando a proliferação dos blogs. Haja paciência!
Sabe o que mais me preocupa e me deixa indignada? Essas decisões serem tomadas pelo Supremo Tribunal Federal. Como o Brasil vai conseguir caminhar dessa forma? Vamos deixar o amadorismo de lado e profissionalizar! Isso que deveria acontecer, essas deveriam ser as decisões certas a saírem de lá e das cabeças dos ministros. Obrigar as pessoas a sentar por 4, 5 anos nos bancos da faculdade e estudar teorias, psicologia, ética, um pouco de direito e praticar a profissão nos estágios supervisionados. Dessa maneira poderemos evoluir, sem isso, em que lugar vamos parar?
Agora, qualquer um pode ser jornalista. Você gosta de novela, teatro, música, política, economia, futebol? Mãos à obra! Faça a sua história. Afinal, “É uma profissão intelectual ligada ao ramo do conhecimento humano, ligado ao domínio da linguagem, procedimentos vastos do campo de conhecimento humano, como o compromisso com a informação, a curiosidade. A obtenção dessas medidas não ocorre nos bancos de uma faculdade de jornalismo”, segundo a advogada.
Meus caros ministros, esse meu desabafo está em formato de crônica, que é um texto com caráter mais literário, fazendo uso de linguagem mais leve e envolvendo poesia, lirismo e fantasia, é um texto que aproxima o leitor do escritor. Se eu não fosse jornalista e não tivesse sentado nos bancos da faculdade por vários anos, colocaria minha opinião, sem isenção, em uma matéria e a tomaria como verdade absoluta. Se não tivesse estudado ética, psicologia, se não tivesse tido a oportunidade de ter todas aquelas aulas de português, redação jornalística, nem o exemplo de todos os grandes professores que tive, se não tivesse feito o juramento ao me formar, minha liberdade de expressão me proibiria de ser tão educada e minha revolta, em forma de matéria, os mandaria para um lugar para o qual vocês realmente deveriam ir.
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terça-feira, agosto 21, 2012
Relembrando - Sobre o diploma de jornalista
Jornalista, idealizadora e repórter do Bela da Bola (www.beladabola.com.br), autora do livro Louca Por Você. Amante dos livros, música, filmes.
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