"Cuide de todas as suas memórias (...) Pois não poderá revivê-las."
Uma pena, não é mesmo? Quem nunca se pegou querendo visitar um lugar do passado, uma situação inesquecível ou um momento que o relógio levou embora? Enquanto a máquina do tempo não for inventada, essas lembranças tão especiais só poderão estar novamente no presente dando uma volta pela memória ou olhando os álbuns de fotografia, descobrindo em gavetas ou baús as agendas e cartas que não se perderam.
Lembro que quando ainda era uma menina, no auge dos meus quinze anos, passei por uma "lição" que nunca mais esqueci. Alguém me disse que não se deve jogar fora fotos nem cartas, pois aquela situação - qualquer que seja ela - só será vivida uma vez. Você não vai ter mais aqueles segundos para fazer a mesma pose e pode nunca mais ter a oportunidade de tirar uma foto com aquela pessoa. Também não receberá mais aquelas palavras - boas ou ruins - nem mesmo aquela letra será igual.
Mesmo com toda a minha rebeldia adolescente, guardei aquelas palavras. Ainda naquele momento, me arrependi de fotos rasgadas e cartas amassadas, jogadas em uma lata de lixo qualquer. E se eu nunca mais tivesse a oportunidade de ver aquelas pessoas?! Quantos são os que passam pela nossa vida apenas por uma estação, por um dia, por algumas horas?! Seriam essas dispensáveis?! Mas e se renderam um bom papo, um momento delicioso, uma risada gostosa? Ainda assim são irrelevantes?
Conversando com uma amiga recentemente - hoje, para ser mais precisa - , descobrimos que discordamos nesse sentido. Para ela, o que passou, passou! Não é necessário guardar nada. Para quê?! Fiquei refletindo sobre o que me levava a pensar tão diferente e foi então que... Eureca!... aquela voz do passado ecoou na minha cabeça, me fazendo entender o motivo de gostar de conservar todas as lembranças e pessoas. "Você nunca mais vai ter esse momento".
Pode ser uma besteira, como pode ser também coisa de escritora - vai saber?! - mas gosto de revisitar lugares e pessoas. Gosto de saber que em um lugar da minha casa, estão pedacinhos da história da minha vida. Pedaços de mim, pedaços de outras pessoas que me preencheram de alguma forma - amigos, colegas, alguém .... -.
Outra amiga uma vez disse que não se arrependia de ter feito "a limpa" no armário. Nos sacos de lixo foram embora agendas, álbuns, histórias. Naquele momento, ela dizia ser suficiente guardar tudo aquilo apenas nas recordações da memória e do coração. Hoje, ela se arrepende. Sente falta do que nunca mais vai poder rever. Cores deram lugares a borrões. Borrões que ficarão ainda mais manchados com o passar do tempo. Quem consegue lembrar de todos os detalhes de toda uma vida para sempre? Difícil!
Por isso guardo letras, cores, fotos, relatos, cartas, cheiros, questionários, agendas, pedacinhos de momentos. Quero poder olhar sempre que tiver vontade e lembrar de tudo o que fez de mim quem eu sou hoje. E isso é tão bom! Se você estiver lendo e se chegou até aqui, aí vai um conselho...
"Conserve suas lembranças! Não jogue fora cartas nem fotos. Você nunca mais terá um momento igual ao que passou. E nem sempre a memória é suficiente."
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